Elementos Essenciais no Conhecimento segundo Aristóteles

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Elementos Essenciais no Conhecimento segundo Aristóteles

O Completo
É Conhecido por completo aquilo que tem todas as partes; preenchido, concluído, total, perfeito, inteiro. Aquilo que não pode ser ultrapassado em seu gênero. Se em uma tarefa quando executado o seu cumprimento na totalidade, se for considerada a expectativa quanto a alguma coisa, quando esta for satisfeita. O termo pode ainda ser aplicado a uma coisa ou sujeito quando se quer estender o seu significado tanto para o bem quanto para o mal; exemplos: a) forma positiva: este médico é perfeito; b) forma negativa: este é um perfeito cafajeste. As coisas também podem ser classificadas como perfeitas quando atingirem seu fim. Considerando-se a vida de um homem, esta se completa com a morte, que é o seu fim. Como define Aristóteles :
“Em decorrência disto, visto que o fim é algo extremo, entendemos o significado da palavra para coisas más e falamos que alguma coisa má está completamente arruinada e completamente destruída quando nada falta para a sua destruição e para o seu mal, e haja alcançado um extremo. Esta é a razão porque chama-se a morte, num sentido figurado, de o fim, porque ambos são coisas extremas. E o objeto extremo da ação também é um fim.”
O Limite
Dentro do conhecimento limite é entendido como uma linha ou ponto divisório; linha de demarcação, fronteira natural que separa uma coisa da outra ou mesmo um país de outro; um marco. Nas ciências matemáticas limite é a grandeza constante, de que uma variável se pode aproximar indefinidamente, sem atingi-la jamais. Pode ser considerado também o extremo do conhecimento que se tem de uma coisa enquanto substância. É por outro lado a própria substância de cada coisa, pois tudo o que foi depreendido dela e todo o conhecimento que se tem dela está inserido em seu limite. Como argumenta Aristóteles:
“Limite significa a parte mais remota de cada coisa, o primeiro ponto fora do qual não pode ser encontrada nenhuma parte de uma coisa, e o primeiro ponto dentro do qual estão contidas todas as partes…o fim (extremo) de cada coisa (sendo este fim aquele para o qual convergem o movimento e a ação, e não o fim de que procedem, embora por vezes sejam ambos – tanto o fim do qual procedem quanto aquele para o qual convergem, ou seja, a causa final.”
O Ser
Assim define Aristóteles a questão do Ser :
“O ser significa [a] o ser acidental, [b] o ser por si mesmo (ou seja, por sua própria natureza).
O conhecimento é dado pelo reconhecimento da coisa ou do ser. Com relação ao ser este reconhecimento buscará o “ser acidental” ou “o ser por si mesmo”.
O ser é acidental quando os predicados aplicados a ele têm a funcionalidade qualitativa, fazendo-o ser ou não ser aquilo que a ele é referido.
O ser por si mesmo é reconhecido pela figura de predicação, multiplicando-se estas tantas quantas forem, sejam suas qualidades, quantidade, sua relação, sua atividade, ou ação, a paixão (ou passividade), seu lugar ou seu tempo. A cada uma destas figuras corresponde um sentido do ser. Entendendo-se estes termos depreende-se que: Ser e É significam que uma coisa é verdadeira, e não ser que é falsa.
A Substância
A capacidade humana de abstrair as informações do objeto leva-o a identifica-lo e classificá-lo dos demais pela substância que possui. Substância é aquilo que subsiste por si, sem dependência de quaisquer outros elementos acidentais, pode ser entendida também como a matéria de que se formam os corpos, ou no caso dos alimentos sua parte mais nutritiva. Relacionada ao conhecimento, e na busca deste, é a parte mais pura e mais particularmente apta para algum uso; essência. Tudo o que se observa é a manifestação da substância, que estando presente no objeto o torna real, apreensível e, compreensível.
O Mesmo, o Semelhante e o Oposto
Diz-se que as coisas são as mesmas quando há uma idêntica quantidade de características na confrontação de duas ou mais. No processo do conhecimento o sujeito sempre avaliará os objetos de acordo com os dados cognocentes situados em sua alma. Se os pontos observados destes objetos como: atributo, dimensão e forma coincidirem com as informações que este sujeito possui dir-se-á que são o mesmo ou semelhantes, do contrário diz-se dessemelhantes. Quando a observação registra pontos completamente discordantes, contraditórios, contrários e completamente ausentes no objeto comparado, este será conhecido como oposto, como discorre Aristóteles:
“E são chamadas de opostas as coisas que não podem estar presentes simultaneamente naquilo que é receptivo a ambas – elas próprias ou seus constituintes. Cinza e branco não se aplicam simultaneamente à mesma coisa, de modo que seus constituintes são opostos.”
O Contrário e Outras
Na busca pelo conhecimento contrário é aplicável às coisas que estão em oposição total; antagônico, coisas que se chocam, uma coisa incompatível com outra, diz-se de proposições opostas, ambas universais, uma afirmativa, outra negativa, p. ex.: “Todos os homens são mortais”, “Nenhum homem é mortal”; o côncavo e o convexo. Com referência às proposições contrárias Aristóteles diz:
“Chamamos de contrários [a] os atributos diferentes no gênero que não são aplicáveis simultaneamente à mesma coisa; [b] os atributos mais diferentes no mesmo gênero; [c] os atributos mais diferentes no mesmo material receptivo; [d] os mais diferentes atributos que se enquadram na mesma capacidade; [e] as coisas cuja diferença é maior absolutamente, do ponto de vista do gênero ou daquele da espécie.”
As coisas são compreendidas como outras quando pertencentes ao mesmo gênero são diferentes quanto a espécie, exemplo: o homem é do gênero animal, o elefante também, porém existe uma barreira entre as espécies que os tornam outro. O macaco da espécie Rhesus foi o animal utilizado para se descobrir o fator sanguíneo do ser humano, por outro lado, embora sendo do mesmo gênero, animal, é impossível subordinar o homem a este animal; são de espécies diversas que os tornam outro entre si.
O Anterior e o Posterior
Se entende o que é anterior sujeitando-se aquilo que se está considerando com sua proximidade ao ponto de partida do que se está determinando. Se conhece que uma coisa é anterior, espacialmente falando, quando ela se encontra próxima a algum ponto considerado, ou em relação a outro objeto, ou ainda com relação ao meio ou ao extremo. Aquilo que está mais distante é conhecido como posterior. Se está se considerando o tempo, alguns fatos são anteriores por estarem distantes do tempo presente, é o aplicável aos tempos passados. Algumas outras coisas por estarem mais próximas do presente, com relação aos acontecimentos futuros, exemplo: As olimpíadas de Pequim são anteriores à Copa do mundo de 2014 que será sediada no Brasil. Aristóteles diz que uma coisa pode ainda ser anterior com relação ao movimento e quanto a potência:
“Outras coisas [c] são anteriores no movimento(de fato, aquilo que está mais próximo do primeiro motor é anterior – por exemplo, o menino é anterior ao homem). Isso é também um ponto de partida num sentido absoluto. Outras coisas são [d] anteriores em potência, uma vez que aquilo que é superior em
potência, ou seja, o mais potente, é anterior; é aquilo de acordo com cuja deliberação o outro, isto é, o posterior, tem que dar seqüência, de maneira que dependendo do primeiro (anterior) mover ou não mover, o segundo (posterior) é ou não é movido”
Entende-se esta afirmativa quando se conhece uma boa ação praticada por um homem. A boa ação não existe por si, o ato foi manifesto porque o homem era potencialmente bom, não existe verdadeira bondade se o bem não for o potencializador dela no homem.
Posterior é tudo aquilo que se localiza após, ulteriormente a um ponto ou tempo considerado. Espacialmente o ponto ou objeto mais distante da referência. Aplicando-se ao tempo passado, o posterior é o tempo mais próximo do presente se considerado com outro anterior.

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