UM CERTO SIMÃO CIRENEU

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Aquela fora uma quinta-feira muito longa, como nenhuma outra. Jesus se alimentara pela última vez na derradeira “Ceia” com os discípulos. Jesus agoniza, pois pressentia o trágico momento que lhe aguardava. O Mestre se entristece…
Se entristece pela negligência dos discípulos que não puderam vigiar sequer uma hora em oração;
Pela traição de Judas que o vendera por trinta moedas de prata;
Pela imaturidade de Pedro que cortara a orelha de Malco;
Por presenciar a fuga e o abandono por parte de Seus discípulos;
Pelo julgamento dos religiosos impiedosos;
Por ter sido trocado por um criminoso, Barrabás;
As chibatadas, espancamentos, desidratação, injúrias físicas e mentais;

Sente a dor da coroa de espinhos.
A verga maldita lhe é colocada sobre as costas. A verga que era minha e tua.
Pelo caminho leprosos que foram purificados choram por aquilo que estão submetendo o Cristo.
Ex-cegos, ex-escravos do diabo tentam livrar o Mestre de seus algozes, mas se frustram.
Uma multidão simplesmente assistia, muda, baixando a cabeça.
No meio do caminho, nos becos de Jerusalém, a caminho do Gólgota, Jesus tropeça e cai.
O que fazer?
Os soldados romanos se encontram em um grande dilema:
Um soldado romano não poderia auxiliá-lo a levar a verga, pois Roma, definitivamente, não queria interferir em questões religiosas; em outras palavras, isso não era problema de Roma.
Não poderiam pedir auxílio aos judeus, pois a cruz era algo imundo para eles, e ficariam impuros e impedidos de participar da Páscoa.
Eis que vindo do campo aparece um anônimo de Cirene, Lc 23.26
“Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.”
O anônimo é descoberto no meio da multidão.
Algumas pessoas acreditam que cruz é algo que escolhemos voluntariamente, mas neste episódio aprendemos que nem sempre é assim.
Este Cireneu nos ensina uma grande lição, pois carregou a cruz que não lhe pertencia e mesmo assim nada questionou.
Simão Cireneu carregou algo que no momento Jesus não pôde carregar, a fim de permitir que Jesus fizesse o que ele, Simão, não podia fazer.
Jesus profetizou: Lc 23.27-31
“27 Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
28 Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.
29 Porque dias hão de vir em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
30 Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
31 Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?”
Será que Jesus, como homem, exausto, teria forças para expressar esta profecia sem a ajuda de Simão? Não sabemos.
Após Jesus ter profetizado reassume a verga das mãos de Simão.
Sabe, aprendo que Jesus não está alheio a nossos sofrimentos, nossas dores, angústias, tristezas, depressões, nossas cruzes…
Ao reassumi-la das mãos de Simão o Mestre quer que você se lembre que no momento mais difícil da caminhada quem vai levar as tuas cargas até o local do sacrifício é Ele, o Cristo, O Cordeiro de Deus.

A Bíblia não registra, mas podemos imaginar o diálogo de Jesus com seu amigo anônimo:
“- Simão, daqui pra frente é comigo, o que não podes fazer eu faço, vou enfrentar a morte por ti, serei vencedor e te farei vencedor comigo.”
Para que a igreja prossiga temos que levar a cruz
Para que Jesus continue falando à multidão devemos esfolar nossos ombros com a amarga cruz.
Quem é você nesta história?
O soldado romano, que não quer se envolver com a causa de Cristo? Não é problema teu?
O Judeu, que se acha muito puro para se contaminar, se rebaixar, se anular pelo escândalo da cruz
Um membro da multidão que nunca diz nada, vive na omissão?
Ou é um Cireneu anônimo que o Pai pode contar?
A escolha é tua.
Que Jesus nos abençoe a fazermos a escolha certa.
Image: United Methodist New Service

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