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“(…) Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? (…)” (João 3.1-4)
Nicodemos não era uma pessoa qualquer na sociedade judaica, não senhores. Ele era um Fariseu (Hb. Prushim), homens devotos à Torah (Livro da Lei Judaica), que surgiram no século II a.C. Eram uma seita do judaísmo, a mais segura delas, como o seu próprio nome diz eles eram os “separados” e por conseguinte “santos”.
Nicodemos era então um homem muito preparado nas Escrituras. Ele era também um admirador secreto de Jesus, pois como o próprio texto diz: “… foi ter com Jesus, de noite…” Não queria macular sua reputação diante de seus pares ao ser flagrado conversando com o famoso “herege” Galileu.
Havia alguma coisa no coração do sábio Nicodemos, pois percebeu que esse Galileu era diferente de todos os outros falsos messias que lhe antecederam. Ele próprio confessa: “(…) Sabemos que tu és Mestre vindo de Deus, pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. (…)”
Admiro Jesus, pois Ele sempre nos desconcerta. Ele sempre tem uma nova perspectiva a nos mostrar. Nicodemos elogiou Jesus, Jesus tirou o foco de si e convergiu para o Reino, para uma dimensão Nova que Nicodemos estava pronto para conhecer.
Jesus ensina que para começar a entender esta nova dimensão espiritual primeiramente Nicodemos teria que “Nascer de Novo”. O fariseu, separado e santo Nicodemos deve ter entrado em um hiato de contemplação. Não temos noção de quanto tempo se passou da primeira proposta de Jesus para que o novo nascituro formulasse a mais “sábia pergunta imbecil” de toda a Bíblia. Nicodemos tem o primeiro prêmio disparado:
“(…) Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? (…)”
Fico imaginando a fisionomia de Cristo Jesus após esta pergunta tão infantil; quem sabe um sorriso de canto de lábio, ou um amoroso balançar de cabeça negando…. Não sabemos na verdade, mas uma coisa aprendemos com o santo e separado Nicodemos, ele estava exatamente cumprindo o requisito primeiro do Reino: Fazendo-se uma criancinha. A criança não tem medo de errar, não está preocupado com o que pensarão dela. O mais importante para Nicodemos naquele momento era encontrar a porta de entrada nesta nova dimensão do Espírito que só terão acesso aqueles que, no sistema mundano, são reputados como tolos, imbecís, faltos de bom senso, retardados ou até como pessoas manipuláveis e de QI inferior a 20.
Assim que Nicodemos desceu do pedestal humano do conhecimento e arrogância estava pronto para ter acesso ao Reino.
Interessante que é um processo, o homem primeiro tem que nascer de novo para poder “Ver” e em seguida Jesus ensina que, se após serem abertos os olhos para a dimensão Espiritual do Reino, o homem não for gerado pela Água e pelo Espírito, não poderá “Entrar” nele.
Então é verdade que na Igreja, que é o lugar da manifestação do Reino, existem pessoas que “Vêem” e outras que “Entram” no Reino.
Pessoas que se deixam gerar pela lavagem da Água (Palavra de Deus) e a vivificação do “Espírito” de Deus tornando-se uma Nova Criatura tem a perspectiva e promessa de “Entrar” no Reino e usufruir de todas as bênçãos da entrada.
Da mesma maneira temos que conviver com aqueles que se contentam em somente “Ver” o Reino. Vê à distância, como Moisés contemplou de longe a Terra Prometida mas não pôde usufruir da Graça de conquistá-la.
É como o irmão do Filho pródigo que, contrariado com a volta do mesmo arrependido e curado, negou-se a “Entrar” na casa do “Pai” e participar da festa, músicas, danças, bezerro cevado, etc.
O problema do irmão do filho pródigo é o mesmo de muitos hoje no arraial cristão, não querem compromisso com a essência do Evangelho: renúncia, cruz, perdão, misericórdia, lágrimas, oração, batismo, comunhão, etc. O propósito deles é, no final das contas, no apagar das luzes da existência, poderem pelo menos ter um “Cabrito” para celebrar com os “amigos”. O Reino, bem como o tesouro deles está na dimensão da terra com os “amigos” e não com os “Irmãos” do Reino de Deus.
Nicodemos, apesar de sua pergunta aparentemente tola você é um homem sábio, você é feliz!
Se fez um tolo para descobrir o Caminho da Vida Eterna e encontrou.
Pior para aqueles que se acham “santos”, “separados” e até Mestres em Israel e ainda não descobriram isto!