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“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui”. Lucas 12.15.
A recomendação básica de Jesus repousa em que devemos nos afastar da avareza, isto porque o cerne da vida do homem não está naquilo que ele “possui”, mas sim no que na verdade ele “é”.
Já o sistema do mundo vai na contra mão desta recomendação, dando ênfase exatamente àquilo que o cristão deve abominar, a possessão das coisas e a avareza. Isto ocorre porque os homens sem Deus aprenderam a medir o seu semelhante pelo que este “tem”.
Quando Samuel foi à casa de Jessé para ungir o novo rei de Israel, o Senhor lhe disse : “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Samuel 16.7.
Você já reparou que às vezes, em meio a uma conversa, esquecemos o nome de alguém e logo nos lembramos de algum bem que o mesmo possui para identificá-lo?
Ex: “ – É aquele que tem um carro assim, e assado!”
“ – É aquele que sempre vem com um terno, ou uma gravata assim e assado!”
“ – É aquele que tem uma casa bonita na rua tal!”
Existe uma grande diferença em possuir as coisas e ser possuído por elas.
Quem possui alguma coisa tem o domínio dela, faz o que quer de sua posse, pode dar o nome, atribui marcas sobre sua posse, quando quer usa, quando não, deixa guardado. O possuidor pode também ser o doador de sua posse, pode abrir mão do que possui, a saber que o que ele é permanece em essência, será inabalável, mesmo que não seja mais o possuidor de sua posse. Aquele que possui também é o dono da posse, a despeito dela querer ou não ser possuída pelo possuidor. O que possui é livre, é Senhor da posse e permanece. O possuidor não “TEM”, Ele “É”.
Aquele que é possuído, por seu turno, é dominado pelo possuidor, tem que obedecer seu dono, recebe o nome, recebe as marcas e ainda fica disponível para ser usado, não quando quiser, mas segundo a vontade do que o possui. Aquele que é possuído não é dono de si mesmo, pode ser doado, vendido, trocado ou destruído por seu dono. O possuído perde a liberdade, é um escravo, é utilizável e descartável. Está morto para si mesmo.
O possuído das “coisas” só resgata sua dignidade ao entregar-se nas mãos habilidosas e amorosas do Santo, Eterno Possuidor e Senhor Jesus Cristo.
Os homens sem Deus tentam apoderar-se das coisas através da violência, e é por isso que nunca as possuem realmente. É que as coisas do mundo de Deus tem um “instinto misterioso”, como que uma norma sagrada que é não quererem ser estupradas ou violentadas.
Quem tenta se apoderar delas com violência não as possuirá, ainda que as encaixote ou as confine. Tê-las-á é verdade, mas elas não se deixarão possuir.
Quando algo ou alguém não quer ser possuído, ninguém e nada o fará, mesmo guardado a sete chaves em um cofre.
O que pelo amor não é unido não está realmente unido
Quem não possui pela alma, não possui.
O Reino dos céus e as riquezas de Deus pertencem àqueles que delas não se apoderam, mas em renúncia de coração voluntário abriram mão de tudo e já não possuem nada.
A “despossessão” ou desapego das coisas é o único meio de se possuir.
A libertação total é a única posse real.
Onde está o teu tesouro?
Onde mora tua “Posse Maior”?
Não te esqueças: “ Onde estiver o teu tesouro, ai também estará o teu coração” (Mateus 6.21)