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“(…) Pelo que houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Ló. E nesse tempo os cananeus e os perizeus habitavam na terra. (…)” (Gênesis 13.7)
A Bíblia é mesmo um livro surpreendente.
Logo após a chamada e a saída do então Abrão de sua parentela, chega um momento crucial da jornada do patriarca. Ele deveria ter saído apenas com sua esposa e empregados, mas resolveu levar o pai Terah e seu sobrinho Ló.
A vida de Abrão foi marcada por altares, poços e tendas. Ló nunca demonstrou envolvimento nas questões que tiraram Abrão de sua terra, ou seja, Deus nunca esteve nos planos de Ló. Ló é um exemplo daqueles que seguem os que servem a Deus. Acompanham enquanto podem usufruir alguma coisa dos que verdadeiramente tem propósitos com Deus. Ló estava preocupado com as regalias que poderia ter enquanto seguia seu tio, mas não projetava nenhum compromisso com o Deus de Abrão.
Como ninguém consegue enganar por muito tempo, chega então o momento da verdade, em que os pastores de Abrão começam a contender com os pastores de Ló. Começam os conflitos de propósitos.
É assim que acontece também nos dias de hoje, os pastores do gado de Abrão nunca se entenderão com os pastores usurpadores do gado de Ló.
O foco de Ló e de seus pastores está registrado no versículo 10 do mesmo capítulo 13 de Gênesis:
“ (…) Então Ló levantou os olhos, e viu toda a planície do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra), e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até chegar a Zoar. (…)”
Em meio a crise dos pastores, o então, Abrão, sabiamente pede para Ló escolher seu caminho, a saber que, conforme o destino que viesse a escolher Abrão tomaria a direção diametralmente oposta.
Ló levanta seus olhos e escolhe as campinas verdejantes, que era “parecida com o Jardim do Senhor”, parecia, mas na realidade não era. Ló escolheu ir para Sodoma, e com ele foram os “Pastores de seu gado”.
Ló é o exemplo da Teologia da Prosperidade que tem seu foco nas aparências, na ilusão, naquilo que parece ser de Deus, mas é Sodoma, é vaidade, satisfação terrena e carnal, não querem renúncia, mas só usufruir das “Benção”, que, segundo sua interpretação herética, Deus é “Obrigado a dar”.
Por incrível que pareça, o nome Ló em hebraico tem a mesma pronúncia da palavra “NÃO”. Exemplo a não ser seguido.
Com Ló seguiram sua família, bens, e “pastores”.
No final das contas, por misericórdia, o Senhor manda anjos a Sodoma para salvar Ló e sua família. Sua esposa se demora (olha para trás), é transformada em estátua de sal; se salvam Ló e suas duas filhas. A Bíblia não menciona mais seus “Pastores”. Resultado: as filhas de Ló o embebedam e cometem incesto com o pai gerando dois filhos, Amon e Moabe. Estes frutos de Ló se tornariam nações e seriam a pedra no sapato de Israel em toda a sua história de conquista na terra da Palestina. Foi a desgraça gerada daquele que nunca teve vontade de servir a Deus, mas apenas aproveitar das Suas bênçãos. Assim como a Teologia da Prosperidade é a maldição que está impedindo tantos crentes de se chegarem ao verdadeiro evangelho.
Abrão, por sua vez, escolheu o deserto, a renúncia, a dificuldade, a escassez, a seca, a dependência única e exclusiva do Senhor.
Em Gênesis 15. 5-6 o Senhor aparece a Abrão e lhe diz:
“ (…) Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as
estrelas, se as podes contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência. E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.(…)”
Que gritante diferença! Ló levantou os olhos e viu as campinas de Sodoma, Abrão levantou os olhos e viu o céu e as promessas do Senhor.
Não sei que tipo de pastor tu és.
Não sei quais são os teus propósitos.
Não sei que tipo de evangelho tu pregas.
Mas se ainda resta algum temor do Senhor em teu coração, rompa com a ilusão das campinas verdejantes e da maldição, mergulhe de vez nas promessas que te aguardam no meio do deserto, tua benção te aguarda lá.
Jesus te abençoe.