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Quase quatrocentos e cinquenta anos haviam se passado desde que Jacó se mudara com toda sua família para o Egito.
O povo de Israel estava, neste momento, sendo subjugado e oprimido por Faraó. Isto porque o monarca reinante pertencia a uma dinastia que não conhecera a José. Junte-se isto ao fato de que a população israelita havia alcançado números alarmantes, trazendo ameaças ao reino.
O povo de Deus vivia uma horrível rotina de amassar barro e fazer tijolos. Não havia descanso, as construções do grande império não poderiam cessar.
Em Êxodo capítulo 1 e verso 11 diz : “E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés.”. Ou seja, foram estabelecidos, pelo próprio Faraó, capatazes que tinham a missão de tornarem a vida dos judeus um inferno. Em meio a esta grande crise instalada a Bíblia nos informa que Moisés recebe uma Palavra inusitada do Senhor: “E ouvirão a tua voz; e irás, tu com os anciãos de Israel, ao rei do Egito, e dir-lhe-eis: O Senhor Deus dos hebreus nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.” (Ex 3.18)
Veja, como pode ser isto? Em um momento de tanto sofrimento e agonia Deus aparece e diz que há uma grande festa aguardando a todos em meio ao deserto? Este é o nosso Deus, Jeová o Eterno. Ele não está sujeito às crises e aos sistemas dominantes. A mensagem de Deus, em resumo, dizia o seguinte: “ Estou intervindo para tirá-los desta rotina de sofrimentos e vamos comemorar vossa liberdade juntos no deserto, caminho de três dias. Três dias caminhando, a um passo que todos, crianças, idosos e animais pudessem acompanhar, descansando à noite, os distanciariam aproximadamente a uns sessenta quilômetros, na pior das hipóteses.
Moisés vai então diante de Faraó, provavelmente Ramsés II, o grande. Faz os sinais, Deus mostra Seu poder, fere o deus Rio Nilo, envia a praga das rãs, piolhos e então a quarta praga, das moscas. Neste ponto Faraó cede e faz a primeira proposta permitindo que os israelitas celebrem a festa não no deserto, mas no próprio Egito, ao que foi rejeitado. Em seguida, atordoado pelo efeito das pragas permite que Moisés saia, porém determina que não vá longe. (Ex 8.28)
O Senhor já havia determinado a saída e um distanciamento bem considerável da terra do sofrimento e opressão.
Fazendo um paralelo espiritual, percebemos como que a mesma história se repete ainda hoje. É bem verdade que o tempo dos Faraós ficou somente nos registros históricos, entretanto satanás é o ardiloso Faraó do atual Egito, o mundo. Os maiorais do tributo são os demônios, agentes do mal que tem a missão de atormentar aqueles que ainda se encontram escravizados pelo pecado.
Infelizmente ainda hoje existem aqueles que se dizem libertos por Jesus e Seu Evangelho, todavia vivem sempre nos limites do Egito. Aparentam santidade, mas são mentirosos, maldizentes, fornicários, idólatras, adúlteros, roubadores, trambiqueiros, falsos, violentos, espancadores de esposas e filhos, etc. Saíram da antiga vida de impurezas e impiedade, mas não foram longe. Estão sempre próximos de seu passado. Não conseguem romper de vez com a antiga vida de perversões que só lhe trouxe amargura e tristeza. Ainda se sente atraído pelos melões, alhos, cebolas e pepinos do Egito, tal qual os judeus no deserto. O Senhor conseguiu com mão forte tirá-los do Egito, contudo não pôde tirar o Egito de dentro dos rebeldes. Purgar o Egito e suas concupiscências é alçada particular de cada um de nós. Quando retrocedemos em nosso caminho de afastamento do pecado fazemos cumprir em nós o que Pedro escreveu em sua 2ª Epístola cap 2 e verso 22: “Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” .
No final, após a 10ª praga, a morte dos primogênitos, Faraó não teve alternativa senão libertar o povo de Deus. Moisés não deixou para trás nem sequer “uma unha” de animal.
O convite é claro, o Senhor quer nos tirar da rotina da vida, da “escravidão” do sistema mundano de pecado, para três dias especiais que mudarão completamente nossa história, nossas famílias e nossos propósitos. Podemos escolher, sair pelo deserto desconhecido caminho de três dias para adorar ao Senhor, rompendo de vez com o mundo, ou voltar aos nossos bem conhecidos “Fardos” e à rotina de amassar barro e fazer tijolos.