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“Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” (2 Co 3:3-8)
Que nós brasileiros estamos no “ranking” dos que menos leem no mundo não é novidade.
O Instituto Pró-livro classifica como “leitor” aquele que, nos últimos três meses, leu pelo menos um livro, seja em parte ou inteiro.
Segundo estatísticas de 2016, a média de leitura no Brasil é de 2,43 livros anualmente por pessoa. Trazendo para nosso ambiente teológico as estatísticas não se alteram.
Este resultado com certeza tem uma origem histórica, a saber que nossos colonizadores lusitanos, ao chegarem nestas terras “Tupiniquins”, não estavam preocupados em investir nas questões sociais e educacionais, mas somente na exploração da nova colônia. Por isso amargamos estas mazelas até hoje.
Mas qual é o objetivo fim da leitura?
Dentre tantos benefícios podemos dizer que o amor aos livros tem como grande resultado a ampliação de nosso senso crítico, amadurecimento e desenvolvimento argumentativo.
Me recordo que há alguns anos atrás recebi a visita de um novo convertido em meu apartamento. Sempre procurei cultivar o hábito pela leitura e pesquisa, e tenho uma humilde biblioteca (menor do que o acervo de meus sonhos, entretanto razoável). Assim que o neófito adentrou meu lar, se deparou com a estante e viu os livros, espantado, me questionou:
– Vejo que o pastor gosta de ler né?
– Sim gosto!, respondi.
– Pois é pastor, a “letra mata!”
Engoli seco e preferi ficar em silêncio.
O pior é que ainda hoje muitos evangélicos se utilizam deste versículo completamente descontextualizado para justificarem sua preguiça e negligência na leitura da Palavra de Deus.
Nunca tivemos tantas traduções e versões bíblicas como atualmente, mas o analfabetismo bíblico é diretamente proporcional.
É trágico quando um grande número de líderes, que estão à frente de igrejas, confessam “nunca” terem lido a Bíblia toda.
Outros também não leem, porém são consumidores vorazes de vídeos de “Youtubers teólogos” que fazem o desserviço para o reino disseminando suas heresias.
Graças a Deus temos boas referências na área da ortodoxia teológica na “web” e bem faremos em aprender com eles, porém são poucos os que podemos dar crédito.
Usar o texto acima fora do contexto é um crime hermenêutico.
Paulo está ensinando que a Lei, que foi escrita com letras em pedras teve um tempo de atuação entre a humanidade.
A Lei não salva, mas somente expõe o pecado do homem.
“A alma que pecar, essa morrerá;” (Ez 20a)
Por isso que a Letra Mata!
Agora o Evangelho não está mais escrito em tábuas de pedras como a Lei, mas por graça está registrada em nossos corações, tornando-nos cartas escritas, não com tinta, que com o tempo desvanece ou desbota, mas profundamente gravada nas “tábuas de carne do coração”.
O véu que fora utilizado para cobrir a face de Moisés, alegoricamente era uma providência divina para que o povo não percebesse que o transitório brilho de seu rosto (a glória da Lei) estaria se apagando, como sinal de que a Nova Aliança, feita por Cristo Jesus, infinitamente mais excelente, brilharia como o Sol da Justiça eternamente.
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença.” (Romanos 3:19-22)
A Letra que mata é aquela que diz que a salvação e a obediência a Deus só são alcançadas por meio de obras, contudo o Espírito Vivificante diz:
“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2:16)
Sendo assim, a única coisa que a “Letra” mata é o meu desconhecimento das profundidades das Santas Escrituras e dos mistérios a serem revelados pelo Espírito Vivificante de Cristo Jesus.
Leia a Bíblia, pois cuidais ter nela a Vida Eterna.