As Guerras de Elias

Tempo de leitura: 7 minutos

“ (…) 22 Então disse Elias ao povo: Só eu fiquei dos profetas do Senhor; mas os profetas de Baal são quatrocentos e cinqüenta homens.

23 Dêem-se-nos, pois, dois novilhos; e eles escolham para si um dos novilhos, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo; e eu prepararei o outro novilho, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo.

24 Então invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por meio de fogo, esse será Deus. E todo o povo respondeu, dizendo: É boa esta palavra.

25 Disse, pois, Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós: um dos novilhos, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do Senhor, vosso deus, mas não metais fogo ao sacrifício.

26 E, tomando o novilho que se lhes dera, prepararam-no, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém não houve voz; ninguém respondeu. E saltavam em volta do altar que tinham feito.

27 Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem.

28 E eles clamavam em altas vozes e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lancetas, até correr o sangue sobre eles.

   29 Também sucedeu que, passado o meio dia, profetizaram eles até a      hora de se oferecer o sacrifício da tarde. Porém não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu.  (…)” [IRS 18.22-29]

        Sem dúvida alguma esta é uma das histórias mais impressionantes e marcantes da Bíblia Sagrada.

Sempre que se faz menção ao profeta Elias este desafio automaticamente vem às nossas mentes. Uma grande disputa entre o Profeta verdadeiro do Senhor e os falsos profetas de Jezabel.

Não posso deixar de compartilhar com os leitores algumas verdades que o Espírito Santo tem colocado em meu coração.

Muito mais do que uma contenda entre o verdadeiro Deus Jeová e os falsos deuses Ball e Asera, Elias enfrentou ali no Carmelo algumas outras guerras que por vezes não conseguimos vislumbrar, mas que na verdade refletem o momento delicado em que passa a Igreja do Senhor Jesus na terra.

A primeira batalha que Elias enfrentou, que é evidente, foi a “Batalha entre Deuses”.

O Deus que respondesse com fogo seria então reputado por verdadeiro Deus.

Não obstante  não procedermos hoje com esse tipo de modalidade de confronto com as falsas religiões que adoram seus deuses exóticos, permissivos e sem vida, o problema se encontra exatamente dentro de algumas comunidades ditas “cristãs”. Líderes corrompidos pela ganância financeira afrontam denominações que não se curvaram ao deus Mamom. Nos amaldiçoam, dizendo que o Deus que servimos é um Deus ultrapassado e distante. Arrogam estes serem os detentores de toda a revelação, distorcendo as Santas Escrituras para dar base às suas falácias recheadas de engano. Evocam fogo, mas os céus se recusam a enviá-lo. Forjam então um fogo estranho, fabricado no profundo fosso de suas mentes egoístas e perversas. É o “Reteté” dos vasos vazios e frustrados.

A segunda batalha, subliminarmente presente no texto é a “Batalha entre Profetas”.

Não é isso que observamos na igreja?

A disputa de profetas; quando os profetas de casa não servem mais por desuso [muitas vezes somos colocados em desuso por não profetizarmos aquilo que os “Reis” e “Sacerdotes” querem ouvir] ou descrédito, importa-se um “Profeta Velho” para engodar os incautos com a venda de Unções de R$ 900,00 ou R$ 1.000,00. Não só desacreditam nossa fé como a própria Palavra de Deus, transferem para si uma revelação mais atual do que a Bíblia, amaldiçoando aqueles que não os aceitarem.

Por muito tempo a igreja sofreu com um parco entendimento de que: “quanto mais asceta*[uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem a austeridade] se vivesse mais “santo” se tornaria”. Quanto mais vivêssemos como alienados desse mundo mais consagrados seriamos. Infelizmente assistimos muitos amados irmãos se frustrarem nessa busca. Pior, aprendemos neste falso ensinamento que: quanto maior o radicalismo pior é o surto no final da história. Um certo Pastor veterano, sobre este comportamento disse: “Quando a torneira está muito arrochada é porque está vazando”.

Jesus nos ensinou que devemos viver neste mundo, mas o mundo não pode viver em nós, nosso dever é influenciar e não sermos influenciáveis. (Mateus 5.13-16)

“(…)13 Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;

15 nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.

16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (…)”

A terceira Batalha inserida no texto é a “Batalha de Altares”.

Não bastassem os confrontos de Deuses e Profetas elencados, também os altares são contagiados e inseridos na disputa. Os altares somos nós. As guerras em nós e entre nós acontecem porque não conseguimos morrer a morte de Cristo. Nosso Eu nunca é vencido. As pelejas, dissensões, porfias, disputas, egoísmos, litígios, ciúmes, invejas, etc. Todas estas ações são o estopim de toda a desestabilidade do Corpo de Cristo e de uma vida completamente devotada ao Evangelho da renúncia.

A quarta Batalha é a Batalha ou “Guerra de Ofertas”.

Em I Samuel 15. 19-23 está registrado:

“(…) 19 Por que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que era mau aos olhos do Senhor?

20 Então respondeu Saul a Samuel: Pelo contrário, dei ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou, e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e aos amalequitas destruí totalmente;

21 mas o povo tomou do despojo ovelhas e bois, o melhor do anátema, para o sacrificar ao Senhor teu Deus em Gilgal.

22 Samuel, porém, disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros

23 Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação, e a obstinação é como a iniquidade de idolatria. Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei. (…)”

Desde que Adão pecou as mazelas do pecado acompanham a humanidade.

Temos a tendência de sempre justificarmos nossas ações, sejam elas boas ou más. As boas dispensam maiores explicações, quanto as más …., haverá sempre uma muleta para elas.

Saul tentou pagar um “Pedágio” para sua desobediência, desobedeceu as ordens do Eterno, guardando do despojo que deveria destruir, e quando interpelado pelo homem de Deus disse que: “Era para Ofertar ao Senhor”. Saul é um “reflexo” da igreja do século XXI no Antigo Testamento. Não tem nenhum problema darmos vazão às nossas carnalidades, licenciosidades, depravações, fornicações, desejos, ganâncias, perversões, etc; se no final separarmos uma boa oferta ao Senhor. A melhor oferta  de toda  nossa comunidade. Pago o “Pedágio” para o Senhor, fico de bem com Ele e melhor ainda, com o meu líder, que se sentirá abençoado ($$$), afinal, Deus fez o homem e sabe que nós somos assim mesmo, falhos e nossa carne é fraca.

Meu Senhor Jesus Cristo, que Evangelho estranho é esse que estamos vivendo?

Permita-me restaurar o altar e inundá-lo com a água que é a tua Santa Palavra.

Talvez assim, por tua bondade e Graça, descerá Fogo Santo dos Céus e todos dirão, ao me contemplarem queimado e consumido que:

SÓ O SENHOR  É  DEUS!

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