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Em I Rs capítulo 13 versos 1-5; 11,12 está escrito:
“E eis que, por ordem do SENHOR, veio, de Judá a Betel, um homem de Deus; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso. E ele clamou contra o altar por ordem do Senhor, e disse: Altar, altar! Assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti. E deu, naquele mesmo dia, um sinal, dizendo: Este é o sinal de que o Senhor falou: Eis que o altar se fenderá, e a cinza, que nele está, se derramará. Sucedeu, pois, que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, que clamara contra o altar de Betel, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o altar, dizendo: Pegai-o! Mas a sua mão, que estendera contra ele, se secou, e não podia tornar a trazê-la a si. E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar, segundo o sinal que o homem de Deus apontara por ordem do Senhor…
…E morava em Betel um velho profeta; e vieram seus filhos, e contaram-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel, e as palavras que dissera ao rei; e as contaram a seu pai. E disse-lhes seu pai: Por que caminho se foi? E seus filhos lhe mostraram o caminho por onde fora o homem de Deus que viera de Judá….”
Este episódio retrata muito bem a situação espiritual do reino do norte de Israel, logo após a separação, quando Jeroboão agrupa dez tribos na região de Samaria e Roboão, filho de Salomão, governa as tribos de Judá e Benjamim na região de Jerusalém.
Deus usa um homem de Deus, (não diz profeta), da região sul, para profetizar ao rei Jeroboão em Betel, Samaria no norte. Sua mensagem é dura, pois condena a idolatria dos altos e o sacerdócio que ministrava cultos regados a incenso a outros deuses. Decreta que Jeová levantará um rei, Josias, que colocará fim em toda aquela abominação, como visto no 2º livro das Crônicas capítulo 34. Mandou um sinal onde o altar, o local sagrado, foi rachado, derramando toda as cinzas pelo chão.
No momento da profecia o rei Jeroboão estava queimando incenso, ofício que não lhe cabia, e, irado, tenta agarrar o profeta, entretanto sua mão se seca (se atrofia) e não tinha mais controle sobre ela.
O Senhor havia dado ordens expressas ao Homem de Deus que não regressasse pelo mesmo caminho que fora e não entrasse na casa de ninguém, nem comesse pão e nem bebesse água, seja com quem fosse.
É interessante que em nenhum momento o Homem de Deus é referido como um profeta. Aprendo que hoje, em nossa igreja, nós não precisamos ser um “profeta” para o Senhor nos usar com autoridade para falar àqueles que precisam de um conserto. Outro aspecto importante é que, embora a profecia tenha sido dirigida ao “altar”, um objeto inanimado, o juízo era na realidade dirigido a Jeroboão, pois ele estava usando do lugar sagrado para perverter a fé do povo e levando a nação para longe do Senhor.
Todavia, morava nas proximidades um Profeta Velho que soube de todo o episódio ocorrido e, mais que depressa, procura saber como encontrar o Homem de Deus que trouxera tamanho juízo sobre o reino do norte.
Este Profeta Velho com certeza não foi um bom exemplo para os filhos, e já não era usado por Deus há muito tempo, pois seus filhos tomaram conhecimento do episódio porque também estavam queimando incenso juntamente com Jeroboão. Era a única maneira de saberem dos detalhes, estando próximos do fato. Outro fato estranho é o pai, o Profeta Velho, não tê-los repreendido por estarem queimando incenso. Nem mesmo se incomodou pelo fato de seus descendentes estarem adorando outros deuses. O mais importante era encontrar o Homem de Deus, pois suas intenções infernais o devoravam.
Profeta Velho não é aquele avançado em idade, mas o que caiu em desuso de Deus, não tem mais intimidade com a “Fonte da Palavra”, é aquele em que a Palavra de Deus não é mais o essencial; o Profeta Velho parou no tempo e no espaço, as coisas do Senhor não lhe causam mais admiração; o Profeta Velho já sabe tudo, não precisa mais estudar as Santas Escrituras; o Profeta Velho arde em inveja daqueles mais novos que fazem o que ele não quer mais fazer, o Profeta Velho não é aquele que retrocedeu, mas o que entrou no estágio de “marcar passo”, ele não retrocede, porém não avança, sendo assim ultrapassado por quem vem atrás; o Profeta Velho é um “esquizofrênico” espiritual, pois nunca sabe quando a origem de suas profecias é o Senhor ou fabricadas em sua mente, o Profeta Velho não faz diferença em seu tempo, ele nunca deixa um legado; o Profeta Velho gosta de bajulação, pois é a única maneira de se sentir vivo; o Profeta Velho nunca tem um testemunho novo, pois como ele e seu ministério, tudo ficou no passado.
O Profeta Velho, então, alcança o Homem de Deus e tenta dissuadi-lo de sua intenção de regressar a Judá sem parar na casa de ninguém. Ele acrescenta uma “prova” de que, de fato, também é um profeta quando diz que “um anjo lhe havia aparecido dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa para que coma pão e beba água” (v.18)
Este é o problema de muitos Homens e Mulheres de Deus, questionar as determinações do Senhor e se deixar levar por uma suposta segunda ordem que tem origem no inferno. Amados, uma coisa é certa, quem conhece a voz de Deus não será enganado por outra voz, ainda que desça um anjo do céu contrariando-a, seja esta segunda ordem maldita.
Infelizmente o conselho do Profeta Velho pareceu bem ao Homem de Deus, que voltou a Betel e à sua desgraça e morte.
Nunca devemos regressar ao lugar do juízo, Moisés nunca mais voltou ao Egito depois das dez pragas. Sansão regressou ao Leão Morto, se alimentou do mel que estava em sua carniça, isto lhe inspirou a fazer um enigma que lhe custou a vida. É um perigo quando estamos sempre rondando alguma lembrança de nosso passado que só nos trouxe tristeza e dor.
Quando então o Profeta Velho, após conseguir seu intento, está à mesa de sua casa com o Homem de Deus, eis que o próprio Senhor desta feita usa os lábios do Profeta Velho (não há dificuldade alguma de compreender este texto, tendo-se em vista que o Eterno usa de quem quiser para fazer a Sua obra e estabelecer Seus intentos, vide a mula de Balaão no livro de Números cap. 22 verso 28) e disse: “E clamou ao homem de Deus, que viera de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à ordem do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te mandara, Antes voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que o Senhor te dissera: Não comerás pão nem beberás água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais.”
Assim, no outro dia pela manhã bem cedo, o Homem de Deus toma seu jumento e regressa para Judá, entretanto no meio da jornada a Bíblia diz que : “Este, pois, se foi, e um leão o encontrou no caminho, e o matou; e o seu cadáver ficou estendido no caminho” (v.25) . Chamo a atenção para “um leão o encontrou”; não importa o que façamos, depois da desobediência o “Leão vai nos encontrar”. Pagaremos pela nossa irresponsabilidade e inobservância da Palavra do Senhor.
Jeroboão não se consertou, pelo contrário continuou a queimar incenso a outros deuses e consagrou a quem queria a sacerdote dos lugares altos. O preço de sua rebeldia e pecado foi sua memória e descendência ser extinta da terra.
Quanto ao Homem de Deus, bem, ele morreu, mas sua profecia se cumpriu na íntegra, como bem testificou o Profeta Velho:
E sucedeu que, depois de o haver sepultado, disse a seus filhos: Morrendo eu, sepultai-me no sepulcro em que o homem de Deus está sepultado; ponde os meus ossos junto aos ossos dele. Porque certamente se cumprirá o que pela palavra do Senhor exclamou contra o altar que está em Betel, como também contra todas as casas dos altos que estão nas cidades de Samaria. (1 Reis 13:31,32)
A lição que aprendemos deste triste episódio é que: Se o Senhor nos deu uma ordem, a ordem está dada. E não se esqueça que a probabilidade de o leão nos devorar no caminho é diretamente proporcional a quanto temos ouvido das propostas do Profeta Velho. Que o Senhor nos ajude e guarde.