Crise na Interpretação da Palavra

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…E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.” (At 8.30,31)
“…E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?” (Lc 10.25,26)
Nos textos em apreço percebe-se que o importante na leitura da palavra de Deus não é bem o quanto se lê ou o que se lê, mas se estamos entendendo o que estamos lendo.
Na leitura e meditação da Palavra de Deus deve-se lembrar que a Bíblia é o único livro do mundo que ao lermos o autor sempre está presente; e ninguém mais capacitado do que o Santo Espírito de Deus para nos descortinar os mistérios escondidos nos campos das Santas Escrituras. Para nos auxiliar neste descortinar temos ao nosso dispor algumas ferramentas como:
Léxicos[1], dicionários, conhecimento (básico no mínimo) das línguas originais (Hebraico, Grego, Aramaico, Latim e outras), Livros teológicos e Bíblicos, Atlas Geográficos, Manuais de Hermenêutica, etc.
O eunuco do texto usado como referência possuía um grande desejo de entender as revelações do profeta, mas lhe faltava discernimento. Discernimento, inclusive, foi o que faltou ao jovem aprendiz de profeta do livro de II Reis 4.39:
“Então um deles saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam.”[1](IIRe4.39)
Esta, infelizmente, continua sendo uma das maiores causas da crise de interpretação da palavra de Deus, a falta de conhecimento. A história se repete, parece até que o episódio citado aconteceu ontem. Havia fome na terra, os profetas estavam assentados e alguém se tocou, ou foi tocado pela necessidade que assolava a terra, e saiu de sua inércia em busca de alimento para os famintos. Com sua boa intenção saiu a procurar alimento e encontrou um pé de “parra BRAVA”, e como não conhecia, não tinha a capacidade de discernimento, não estava habilitado para buscar o alimento, apesar de sua boa intenção, “ENCHEU A CAPA” e jogou na panela, um jovem profeta bem intencionado e sincero, porém, “SINCERAMENTE EQUIVOCADO”. Quando o bom alimento falta aquele que é de qualidade inferior ou até venenoso torna-se abundante. O profeta Amós, usado pelo Senhor no capítulo 8 verso 11 disse:
“Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.”[2](Am 8.11)
A fome já chegou; é a fome do conhecimento da Palavra e das eternas verdades do Senhor. Nós como líderes e educadores na casa do Senhor, temos esta grande responsabilidade em nossas mãos. Ser um bom professor, preparado, que maneje bem a Palavra não é nenhum favor que fazemos a Deus ou aos alunos, é uma obrigação e responsabilidade nossa, como averbado pelo apóstolo Paulo em Rm 12.7:
“Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;…”[3]
Não há dúvida que essas qualidades, o zelo e a sinceridade, estão sendo exaltadas em nossos tempos, precisamente como se fazia entre os antigos judeus, e que, modernamente, esses são os testes aplicados a todos os homens e a todas as ideias. O conhecimento está sendo depreciado, quase mesmo desprezado. O modo claro e lógico de pensar e as definições exatas não são valorizados. Doutrina e dogma são tabus, considerados quase que inimigos da verdade; e até mesmo às boas ações já não se dá o mesmo destaque dado há alguns anos.
O evangelho e suas verdades devem ser ensinados com simplicidade e de uma forma que todos possam entendê-lo, não precisamos criar atalhos ou inventar subsídios para “melhorá-lo”

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